Por Douglas Palma
A certificação de oficinas no País ainda é muito pequena se comparada aos cenários dos demais segmentos de produção e comercialização do setor automotivo, cujas certificações são amplamente exigidas e aplicadas, uma vez que são compulsórias. No caso das empresas de reparação automotiva, a condição de voluntariedade da certificação transforma esse investimento em qualidade em mais uma abominável despesa extra, temida e postergada pela maioria dos empresários do setor.
Mesmo não sendo obrigatória, a certificação da oficina representa um importante instrumento de segurança para o consumidor porque atesta de forma escrita e rastreada a qualidade dos serviços prestados pela empresa. Toda oficina certificada passa por uma avaliação de todos os pontos de gestão e organização, o que possibilita ao empresário ter o controle absoluto dos processos. Vale destacar que essa avaliação é realizada por órgão imparcial e de terceira parte, acreditado pela CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro).
Quando bem aplicada, a certificação gera múltiplas vantagens ao empresário, como aumento da satisfação dos clientes, diminuição dos desperdícios em materiais, mão de obra e fluxo de trabalho; ampliação das possibilidades de permanência e continuidade da empresa no mercado, e maior interação e comprometimento das equipes de colaboradores com os processos produtivos.
É importante que o empresário tenha consciência da necessidade de processos padronizados porque a certificação dependerá muito dele “querer e acreditar” para efetivamente acontecer, uma vez que é voluntária. O empresário também precisa pensar como administrador para enxergar todos os benefícios e as oportunidades que a certificação proporciona.
Os empresários do setor têm demonstrado cada vez mais interesse em acreditar nos benefícios da certificação voluntária. Baseados nisso, o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) e o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa Nacional) firmaram uma parceria para a criação do Programa de Incentivo à Qualidade (PIQ), cujo propósito é, justamente, a implementação de um sistema da qualidade na empresa, além de intensificar a difusão do processo de certificação de oficinas independentes no País.
A meta do programa é alcançar pelo menos 5 mil empresas certificadas até 2023 a partir da formação de grupos regionais de oficinas interessadas, o que permitirá reduzir os custos individuais do processo de certificação. Outra estratégia é a ampla divulgação das respectivas oficinas certificadas em órgãos governamentais, frotistas, entidades de classe, empresas de seguro, montadoras e indústrias de autopeças, cujo foco é potencializar a demanda de serviços de reparação para as empresas que possuem a certificação da qualidade acreditada pela CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro), por meio do IQA.
*Douglas Palma é diretor do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa) e diretor da Artpres Reparadora de Veículos