Por Luiz Sérgio Alvarenga
A certificação de oficinas ainda é bastante tímida no Brasil, sobretudo se comparada à de fornecedoras para a indústria automobilística. Isso muito se deve à condição de voluntariedade, que reduz a certificação a um custo, embora seja investimento, que gera diminuição de desperdício, agilidade no processo e ganhos de produtividade, premissas para deixar de perder dinheiro.
Mas as perspectivas são boas, uma vez que os gestores dos centros automotivos demonstram cada vez mais entender os benefícios da certificação – e o exemplo vem de fora das grandes capitais, onde se nota maior envolvimento dos empresários em iniciativas para a gestão da qualidade. Com mais orientação, certamente, muitas outras empresas de reparação de veículos irão se engajar.
É com essa expectativa que o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) e a Associação de Sindicatos da Indústria de Reparação de Veículos (Sindirepa Nacional) criaram o Programa de Incentivo à Qualidade (PIQ), cujo objetivo é justamente intensificar a certificação de oficinas independentes no País, de tal modo a alcançar 5 mil empresas certificadas em cinco anos.
O diferencial é a divulgação das certificações nos âmbitos público e privado – como órgãos governamentais, frotas, entidades de classe, empresas de seguro, montadoras e indústrias de autopeças, entre tantos outros segmentos – com o propósito de alavancar a demanda de serviços para as empresas que possuem a mais alta credencial no País, que é a certificação da qualidade Inmetro.
Para tanto, o IQA ouviu o pleito do Sindirepa Nacional: além de oferecer as ações de certificação, estabelecer forte comunicação em todo o País, com o envio de ofícios a instituições públicas e privadas. Ademais, criou condições de investimentos ainda mais atrativas para grupos de empresas, tirando do isolamento o empresário deste porte.
A recepção ao PIQ tem sido excelente, com a realização de eventos em todo o País e o engajamento de muitas oficinas. Alguns grupos já se formam em Estados, como Pernambuco e Pará, além de São Paulo, que iniciou a diplomação das primeiras certificações. Tal avanço tem sido possível graças ao apoio do Sindirepa Regional, vital para a divulgação do conceito de competitividade.
Na era dos aplicativos e serviços padronizados sem surpresas, as oficinas não podem mais conviver com o mundo analógico e sem credenciais que as elevem a patamares acreditados mundialmente. Não basta mais o empresário dizer que adota boas práticas. Ele precisa comprová-las por meio de órgão acreditado no País para transmitir a devida tranquilidade ao consumidor.
Em breve oportunidades em redes de negócios também surgirão e a linha de corte será a certificação, modelo já adotado pelas concessionárias junto às marcas representadas. Os editais de concorrência ainda deverão ampliar as exigências em função da evolução tecnológica dos veículos. É hora de se engajar para atingir métricas comprobatórias de qualidade e rumar seguro para os próximos tempos.
*Luiz Sérgio Alvarenga é diretor executivo do Sindirepa Nacional