Como vários setores da economia, a indústria automotiva atravessa agora uma fase positiva no Brasil, com anúncios de novos aportes realizados por montadoras e fornecedores, que desejam localizar cada vez mais componentes no País. Todo esse cenário, que é acompanhado por uma retomada nos volumes de produção e venda, traz ganhos também para a qualidade.
É imperativo que a qualidade deixe de ser encarada como departamento para ser o princípio das empresas, presente em todas as ações. Fazer qualidade no financeiro, por exemplo, significa realizar bem os aportes; na engenharia, envolve desenvolver cada vez mais produtos sob a ótica do cliente; na manufatura, demanda modernas tecnologias; e assim por diante.
Uma vez que desenvolver um produto altamente complexo, como um veículo, requer tempo, ter visão de futuro é essencial para fazer qualidade, sobretudo no atual contexto disruptivo da indústria, que acompanha uma evolução acelerada das inovações em direção a uma mobilidade sustentável, seja terrestre, aérea ou marítima, que contribua para a qualidade de vida das pessoas.
Proporcionar essa mobilidade mais sustentável e adequada ao cliente, inclusive como serviço, é hoje um dos fatores-chave para o desenvolvimento de produtos e processos de excelência, bem como para a construção de relacionamentos igualmente excelentes no pós-vendas.
Para acompanhar saltos tecnológicos de maneira consistente, a indústria brasileira precisa investir em capacitação porque a sustentabilidade do desenvolvimento de um país – e temos vários exemplos no mundo que demonstram isso – começa na educação. Nesse contexto estão escolas técnicas de excelência, universidades e centros de desenvolvimento de tecnologia.
O grande desafio é desenvolver a capacidade de inovar constantemente, não só em relação aos produtos, mas também aos processos de manufatura e serviços. Uma empresa pode criar os melhores produtos, mas não será sustentável, se não dispuser dos melhores processos para produzir de forma igualmente sustentável.
Tão importantes quanto os cursos de mestrado e doutorado, que permitem o desenvolvimento de inovações que apresentam grande competitividade no mundo, são os cursos técnicos, os tecnólogos e as especializações, bem como cursos mais específicos, como aqueles oferecidos por instituições como o IQA, que promovem o compartilhamento do conhecimento.
São instituições que têm a valiosa condição de estarem abertas ao mundo, com parcerias no exterior, o que permite receber profissionais de fora para condução de treinamentos, assim como oferecer sempre as normas mais atuais, utilizadas em diversas partes do mundo, para trazer, o quanto antes, para dentro do Brasil, o que se pratica de mais moderno lá fora.
É motivador o caminho a ser trilhado pelo Brasil, que possui empresas conectadas com o mundo, capazes de trazer novas tecnologias e desenvolver inovações junto às universidades e aos centros de tecnologia. Neste país – rico em recursos, profissionais e instituições que promovem o conhecimento – basta pisar no acelerador do desenvolvimento de pessoas.
*Richard Schwarzwald é diretor do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA)