São dois os principais fatores para investir na capacitação das equipes. Um deles é a disponibilidade de tempo. Com demandas mais baixas, há tendência natural de ociosidade da mão de obra. Em vez de conceder licenças remuneradas ou férias coletivas, entre outros artifícios para compensar o excesso de pessoal, uma alternativa é aproveitar as horas disponíveis para reforçar o conhecimento.
Como forma de capacitar sem onerar demais o caixa, boa parte das empresas já pratica o chamado treinamento on the job. Usa conhecimentos próprios para multiplicar o saber. Outra possibilidade é conciliar a demanda real com o que se oferece no mercado. Com uma pesquisa mais apurada e um planejamento mais antecipado, provavelmente surgirão boas oportunidades.
Neste sentido, o próprio IQA oferece uma gama completa de cursos para qualidade, inclusive “data extra” conforme a necessidade do cliente.
Outro aspecto, agora técnico, é a necessidade de revisar os processos produtivos e operacionais, o que também requer treinamentos, para que as pessoas estejam melhor preparadas para vencer as dificuldades de agora e crescer quando houver a retomada. Importante lembrar que normalmente temos retomadas com aumento de capacidade, mas precisamos voltar a crescer com ganhos de produtividade.
Para isso, devemos agir agora. O conhecimento é a base da inovação. Quanto mais conhecimento houver, mais possibilidades de explorar estudos e pesquisas que vão gerar a inovação adequada. Obviamente, a inovação não está amarrada somente ao conhecimento, que ainda precisa estar alinhado com a inspiração, o faro para o novo, a percepção do que é importante.
Com treinamento, a motivação das equipes também é outra porque normalmente, em momentos de instabilidade, a motivação cai em razão do clima de insegurança, o que bloqueia as novas ideias. Capacitar as pessoas gera credibilidade e confiança e, por consequência, motivação diferenciada para se buscar algo melhor e estar preparado.Avalia-se muito o custo da qualidade quando se deveria analisar o custo da não qualidade para saber o quanto se precisa investir para ter melhor resultado. Para os treinamentos, o ideal mesmo seria um planejamento constante porque se a capacitação estiver incorporada na organização como fato rotineiro contará com maior facilidade para a obtenção de recursos e independerá do momento de crise.
Ingo Pelikan é presidente do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva.