* Por Joe Tolezano
A qualidade caminha a passos largos para um novo futuro. Com uma visão mais holística do sistema de gestão da qualidade, a nova versão da norma NBR ISO 9001, lançada em 2015, reforça a mentalidade de risco para evitar que possíveis problemas afetem no futuro as partes interessadas, como empregados, fornecedores, sociedade, reguladores e acionistas. Totalmente reformulada, a norma atendeu inputs e solicitações apresentadas em consultas públicas como a flexibilização das documentações e a adequação de pequenas empresas aos requisitos da norma.
Quais foram as principais razões para a mudança? Ser uma norma genérica para aplicação por todos os portes e tipos de organização; possuir foco na gestão efetiva dos processos x geração dos resultados desejados; estabelecer alinhamento com as outras normas de sistemas de gestão como ambiental, de segurança etc; apresentar novas práticas de sistemas de gestão e novas tecnologias; desenvolver conjunto estável de requisitos para a próxima década; aumentar a capacidade da organização em atender aos seus clientes; e aumentar a credibilidade do sistema de gestão da qualidade certificado.
O que mudou? Além de determinar que o cliente seja o foco principal, a norma exige que sejam consideradas as partes interessadas e orienta a ter planejamento estratégico para a satisfação de todos. Também oferece texto comum a todas as normas de sistemas de gestão, com linguagem simplificada e revisão dos princípios de gestão da qualidade. Substitui termos como ‘produtos’ por ‘bens e serviços’ e conceitos como ‘ações preventivas’ por ‘gestão de riscos’, assim como suprime a figura do representante da direção pela figura dos donos de processo. A nova versão não demanda quantidade mínima de procedimentos ou exige manual da qualidade, porém o escopo deve ser documentado.
Há algumas recomendações para realizar a transição para a nova norma. As organizações devem promover a formação e a sensibilização adequada para todos integrantes da organização, que têm impacto sobre a eficácia da mesma; identificar no sistema de gestão os pontos que precisam ser trabalhados para atender aos novos requisitos – o Gap Analysis pode ser feito internamente ou com apoio de terceiros; elaborar um plano de ação para realizar as alterações necessárias; implementar um plano de ação para o atendimento do sistema de gestão aos novos requisitos; verificar a eficácia das alterações; preparar os auditores; e realizar a auditoria interna e a análise da direção.
Todas essas recomendações podem ser facilmente aplicadas se forem identificados 12 passos: promover o conhecimento organizacional; estudar o contexto da organização; identificar as partes interessadas; rever o escopo do sistema de gestão; rever a política da qualidade; aplicar a mentalidade de risco; rever os objetivos da qualidade; planejar como realizar os objetivos da qualidade; gerenciar as informações documentadas; controlar os provedores externos; rever o projeto e o desenvolvimento de produtos e serviços; e avaliar o desempenho do sistema de qualidade. Em todo este processo, as organizações podem contar com a ajuda dos especialistas do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), organismo de certificação acreditado pela CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro).
Lançada em 15 de setembro de 2015, a nova versão encerra em 14 de setembro de 2018 o prazo para a transição. Vale reforçar para não haver dúvidas: todos os certificados novos, emitidos na atual versão, irão expirar no dia 14 de setembro de 2018 e deverão ser revisados para a nova versão. Do contrário, irão se tornar inválidos. As organizações que não fizerem a transição dentro do prazo ainda precisarão percorrer caminho ainda mais longo porque deverão proceder como uma nova certificação, que irá requerer auditorias de estágios 1 e 2. Portanto, mãos à obra!
* Joe Tolezano é coordenador técnico do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva